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que enviou a Antônio Teles em 6 de outubro de 1830, a seis meses de sua própria abdicação,
afirma que já tinha previsto o que aconteceria na França como conseqüência de um
despotismo tal como o que foi praticado contra o pacto social jurado pelo sr. Carlos X e
contra o povo francês, brioso amante da liberdade . Apesar de ter pensado em mudar o
regime, conforme a consulta que fizera aos seus conselheiros, ele indaga ao amigo: Veja se
eu faço bem de não mudar de constitucional para não ter que tornar com a fala ao bucho ou ir
passar o Carnaval nos Estados Unidos e pôr em prática a sátira de Voltaire nos seus
romances? . Era o mesmo dilema do ser ou não ser constitucional, com suas conveniências e
inconveniências práticas, que o acompanhou por todo o seu reinado.
No Rio de Janeiro, especulava-se sobre um suposto movimento, coordenado pelo
gabinete secreto apesar de estar fora do Brasil o Chalaça , para suprimir a
Constituição brasileira e proclamar d. Pedro soberano absoluto de um reino constituído pela
reunificação de Portugal e Brasil. Evaristo da Veiga e Bernardo Pereira de Vasconcelos
agitavam a Constituição contra essa suposta ameaça, enquanto seus aliados das províncias
mais distantes, como o jovem paraibano Borges da Fonseca, conspiravam para que se
procedesse a mudanças no regime constitucional que propiciassem o estabelecimento de uma
monarquia federativa descentralizada. Sonho que vinha sendo acalentado pelas províncias do
norte desde a Independência.
Em São Paulo, o grande propagador dessas idéias era um imigrante italiano, o jornalista
Líbero Badaró, editor do Observador Constitucional. Quando circulou naquela província a
notícia da queda de Carlos x, o jornal de Badaró encorajou manifestações para comemorá-la.
Alguns estudantes foram presos, e o juiz da comarca que ordenou as prisões foi duramente
criticado pelo Observador. Na noite de 20 de novembro, Líbero Badaró foi cercado por
quatro homens, levou um tiro no estômago e, antes de morrer, levantou a suspeita de que seus
agressores teriam sido contratados pelo juiz. O mesmo foi detido e conduzido ao Rio de
Janeiro para ser julgado por um tribunal composto por seus pares, que o absolveram por falta
de provas.
Quando d. Pedro chegou a Minas com d. Amélia, celebravam-se em muitas igrejas
exéquias fúnebres em honra de Líbero Badaró. Nas cidades e vilas, onde todos os joelhos se
haviam curvado, e onde seu nome, poucos anos antes, só era pronunciado com reverência, a
recepção que d. Pedro teve nessa última viagem foi diametralmente oposta à que tivera em
1822. Para agravar ainda mais esse clima, ele fez em Ouro Preto um discurso infeliz, misto de
dureza e brandura, cujo efeito foi o frio acolhimento da platéia. Só um dia ele se demorou
nessa visita desalentadora. No curso dessa viagem já falava em abdicar.
No Rio de Janeiro enfrentavam-se brasileiros e portugueses. Por sugestão de Evaristo da
Veiga, voltara-se a usar o laço que em 1822 distinguia os patriotas. Os mais exaltados não
dispensavam o chapéu de palha, símbolo nacionalista, ou a sempre-viva à lapela, emblema
dos federalistas.
Quando foi anunciado que o imperador voltara da viagem a Minas, em 11 de março de
1831, os portugueses puseram luminárias em suas casas em sinal de regozijo. Os brasileiros
não. Segundo Macaulay, os portugueses viam cada vez mais o imperador como aquele que os
poderia salvar da intolerância nativista. Estavam determinados a fazer-se visivelmente
presentes em toda e qualquer comemoração pela volta de d. Pedro . Houve agitação nas ruas
quando bandos de portugueses tentaram obrigar brasileiros a pôr luminárias. Na porta da casa
do jornalista Evaristo da Veiga, um grupo gritava: Põe luminárias, Evaristo . No dia 13,
gente do grupo de Borges da Fonseca um dos agitadores mais arrojados nos tumultos das
ruas da Quitanda e Direita apagou algumas fogueiras, e alunos do Seminário de São
Joaquim atiraram pedras, quebrando vidraças e destruindo luminárias de casas de
portugueses. Os portugueses contra-atacaram com paus, pedras e garrafas. Houve diversos
focos de enfrentamento nessa que ficou conhecida como A Noite das Garrafadas e que foi
sucedida por três dias de desordem.
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